Auto estima e limites
Os resultados de algumas pesquisas mostram que a autoestima dos filhos é maior quando os pais estabelecem e fazem cumprir regras e limites claros. Em contrapartida, quanto maior a liberdade dos filhos menor a sua autoestima. Isso porque a afetividade necessita de gestos concretos para ser avaliada e sentida pelo outro. Não basta dizer que “gosta” se não “cuida”. E esse cuidado envolve uma série de coisas, entre elas a imposição de limites claros e definidos. O filho a quem tudo é permitido, ao invés de sentir-se amado, sente-se pouco importante e começa a criar cada vez mais situações que sirvam para chamar a atenção dos pais sobre si. Logicamente, o intuito do filho não é tornar a vida dos pais insuportável, mas aquilatar o seu grau de importância para eles.
O próprio Jesus nos disse: “...a quem muito se deu, muito se exigirá” (Lc 12, 48). Quando muito se dá e nada se exige, algo está errado. Surge a sensação de pouco caso, tanto faz, indiferença afetiva. Isso é terrível. A indiferença é um dos sentimentos mais desprezíveis entre as pessoas, pois todos possuem a necessidade de se sentir aceitos e estimados. O problema, hoje em dia, entretanto, não se resume à indiferença. Alguns pais, ansiosos por acertarem enquanto educadores procuram fazer tudo o que o filho quer. Acreditam estar demonstrando o seu amor. A questão básica é a mesma, dá-se todo o possível. De um lado o pouco amor, do outro, o muito amor. Só que, como a questão básica é a mesma, o resultado é similar. Filhos revoltados, agressivos, frios emocionalmente, egocêntricos e capazes de qualquer coisa para atingirem os seus objetivos. Uns pelo fato de não terem nada a perder, outros pelo fato de não quererem perder nada. É lamentável.
Lembro do caso que uma colega atendeu onde o adolescente sempre teve “do bom e do melhor” por ser o único filho de um casal amoroso e ávido em agradar sua pequena criança. Quanto mais crescia, mais exigia em termos de satisfazer seus desejos com roupas, calçados e passeios caros, que os pais tinham de “dar duro” para poder custear, pois eram pessoas muito simples materialmente falando. Aos dezessete anos, o rapaz decidiu que queria um carro “zerinho”. Ele falava do veículo o tempo todo: pela manhã, à tarde e à noite. Isso ocorria todos os dias, em todos os momentos, numa sequência interminável e insistente que foi colocando os pais em pânico e paranóia. A coisa chegou a tal ponto que o adolescente se munia de facas e instrumentos contundentes para destruir a residência, ameaçando os pais com violência e frieza. Lembro daqueles dois coitados chorando e se perguntando o que fizeram de errado, e como aquele doce menino havia se transformado num adolescente ensandecido, frio e cruel.
É... A coisa poderia ter sido diferente se os limites tivessem sido impostos e observados desde cedo. Educar é um desafio enorme, ainda mais hoje em dia. Não caia no erro da indiferença ou do mimo excessivo. Prepare-se para a missão mais importante de sua vida. Prepare-se para ser um educador no lar. Seus filhos e a sociedade agradecem!
Fonte: Maria Regina Canhos Vicentin
Local:Jaú (SP)